Serestaratuando.
Nosso ofício, falo de teatro, não nos deixa provas. A posteridade não nos conhecerá. Quando um ator pára o ato teatral, nada fica. A não ser a memória de quem o viu. E mesmo essa memória tem vida curta.(Fernanda Montenegro)
Serestando.
Ser. Esta. Atuação.
Esta atuação é.
Brincando com os verbos mais comuns da língua portuguesa, percebi sua complexidade. Ainda mais quando seu uso tem relação com o fazer artístico. Com o fazer teatral. O que é ser ator? O que é estar ator? O que é estar na e ser a atuação? É possível estar atuando sem ser aquilo que estamos querendo ser? Somos quem estamos atuando? Ou estamos quem é a personagem?
Ao longo das minhas experiências e vivências artísticas sempre refleti sobre os processos, sobre a sensação de serestar outra pessoa, outra coisa, mesmo que esse verbo estranho não fizesse parte do meu vocabulário... Mas mesmo assim eu “fuiestava” pedra no meio do caminho, poemas e versos populares, fuiestava corpo performance, corpo velho, novo, masculino, efeminado, feminino, mas também fuiestava corpo sem gênero, corpo sem idade, corpo sem voz, corpo sem sentimentos, sem expressão, neutro, corpo que não se reconheceu no espelho.
Do dia em que decidi fazer teatro até amanhã eu serestarei minha carne sendo experimento.Excremento.
Minhas memórias artísticas eu as recordo desde a infância. No colégio onde estudei, grande parte da minha vida, CEPAE-UFG, o qual sou imensamente grato pela formação que recebi; lembro-me que eu serestive animais, índio e natureza na minha primeira aula no colégio, na aula de teatro com a professora Carmelinda. Confesso que me senti um tanto mais que perdido, sem entender direito do que se tratava aquela peça “Como a lua”. Eu estava mais no mundo da lua do que no da peça, por isso tinha um repulsa da montagem! Sensação horrível, de indisposição, de falta de prontidão, de desconcentração.
Mas havia aulas as quais eu me apaixonava, saia do auditório querendo fazer teatro pro resto da vida, sem aulas de matemática e gramática.
Ainda na mesma escola fiz aula e apresentação de coral, performance (lembro-me de que montei uma performance de movimentos inspirada na cor preta, experiência muito marcante para mim) e design de interiores.
Mas não!, não fiz teatro; fiz letras na graduação.
Fiquei
Inebriado por literatura, a ficção correndo em minhas veias e pensamentos, vontade de re-criar enredos, des-construir imagens com meu corpo, minha voz, minhas palavras, sentimentos; o rito sagrado do meu corpo em movimentos, ações, ficções...
Resgatar memórias não é um processo simples, ainda mais quando eu penso em resgate de inspirações artísticas. Poderia elencar uma lista enooooorme de obras de arte, processos, espetáculos, músicas nacionais, estrangeiras, recentes ou históricas, tradicionais, religiosas, com ou sem palavras, filmes, desenhos, pinturas, fotografias, esculturas, animações, contos, crônicas, romances, novelas, poemas, também tudo aquilo que não se considera literatura, nem teatro, nem arte, filosofia, ciência, o movimento dos átomos em meu corpo, eu poderia elencar, mas não sou capaz de fazê-lo porque obviamente me esqueceria de muitos títulos ou demoraria a minha vida inteira preenchendo a lista nas linhas desse blog.
A arte em mim me chega num tão profundo eu que sou incapaz de resgatá-la! Sei que me entusiasma a voz das lendárias cantoras e cantores da boa música, as energias de espíritos ancestrais; a musicalidade de poetas, autores a autoras de muitos séculos e cantos desse mundo, o melodrama, a comédia dos clowns e da vida, as tragédias, farsas e comédias, as tragicomédias, assim como o chilrear dos pássaros, o voo das borboletas, dos insetos, a corrida e as brincadeiras dos meus cães- um viralatas gorducho e um pinscher- tudo que há sob e sobre a terra, dentro e fora de mim, tudo o que eu sou e não sou; apenas nada menos que isso me inspira.
Minhas memórias são crises. Meus eus medos são eu. Minhas sumidas , meus parares, eu sumiço, eu fuga, quantas vezes eu de mim mesmo tenho fugido?
Penso que estou aprendendo a levar esses medos, essas covas, o arremedo da paixão , também as boas perspectivas de vida, para as ruas, as praças, o palco. Serestando: teatralizando.
No curso técnico de artes cênicas e em outras vivências tenho aprendido que cada experiência, cada trabalho é único. E é só fazendo que se é ator, que se vive teatro... Como diria meu professor de voz, teatro não se justifica, se faz!
Nosso ofício, falo de teatro, não nos deixa provas. A posteridade não nos conhecerá. Quando um ator pára o ato teatral, nada fica. A não ser a memória de quem o viu. E mesmo essa memória tem vida curta.(Fernanda Montenegro)
Serestando.
Ser. Esta. Atuação.
Esta atuação é.
Brincando com os verbos mais comuns da língua portuguesa, percebi sua complexidade. Ainda mais quando seu uso tem relação com o fazer artístico. Com o fazer teatral. O que é ser ator? O que é estar ator? O que é estar na e ser a atuação? É possível estar atuando sem ser aquilo que estamos querendo ser? Somos quem estamos atuando? Ou estamos quem é a personagem?
Ao longo das minhas experiências e vivências artísticas sempre refleti sobre os processos, sobre a sensação de serestar outra pessoa, outra coisa, mesmo que esse verbo estranho não fizesse parte do meu vocabulário... Mas mesmo assim eu “fuiestava” pedra no meio do caminho, poemas e versos populares, fuiestava corpo performance, corpo velho, novo, masculino, efeminado, feminino, mas também fuiestava corpo sem gênero, corpo sem idade, corpo sem voz, corpo sem sentimentos, sem expressão, neutro, corpo que não se reconheceu no espelho.
Do dia em que decidi fazer teatro até amanhã eu serestarei minha carne sendo experimento.Excremento.
Minhas memórias artísticas eu as recordo desde a infância. No colégio onde estudei, grande parte da minha vida, CEPAE-UFG, o qual sou imensamente grato pela formação que recebi; lembro-me que eu serestive animais, índio e natureza na minha primeira aula no colégio, na aula de teatro com a professora Carmelinda. Confesso que me senti um tanto mais que perdido, sem entender direito do que se tratava aquela peça “Como a lua”. Eu estava mais no mundo da lua do que no da peça, por isso tinha um repulsa da montagem! Sensação horrível, de indisposição, de falta de prontidão, de desconcentração.
Mas havia aulas as quais eu me apaixonava, saia do auditório querendo fazer teatro pro resto da vida, sem aulas de matemática e gramática.
Ainda na mesma escola fiz aula e apresentação de coral, performance (lembro-me de que montei uma performance de movimentos inspirada na cor preta, experiência muito marcante para mim) e design de interiores.
Mas não!, não fiz teatro; fiz letras na graduação.
Fiquei
Inebriado por literatura, a ficção correndo em minhas veias e pensamentos, vontade de re-criar enredos, des-construir imagens com meu corpo, minha voz, minhas palavras, sentimentos; o rito sagrado do meu corpo em movimentos, ações, ficções...
Resgatar memórias não é um processo simples, ainda mais quando eu penso em resgate de inspirações artísticas. Poderia elencar uma lista enooooorme de obras de arte, processos, espetáculos, músicas nacionais, estrangeiras, recentes ou históricas, tradicionais, religiosas, com ou sem palavras, filmes, desenhos, pinturas, fotografias, esculturas, animações, contos, crônicas, romances, novelas, poemas, também tudo aquilo que não se considera literatura, nem teatro, nem arte, filosofia, ciência, o movimento dos átomos em meu corpo, eu poderia elencar, mas não sou capaz de fazê-lo porque obviamente me esqueceria de muitos títulos ou demoraria a minha vida inteira preenchendo a lista nas linhas desse blog.
A arte em mim me chega num tão profundo eu que sou incapaz de resgatá-la! Sei que me entusiasma a voz das lendárias cantoras e cantores da boa música, as energias de espíritos ancestrais; a musicalidade de poetas, autores a autoras de muitos séculos e cantos desse mundo, o melodrama, a comédia dos clowns e da vida, as tragédias, farsas e comédias, as tragicomédias, assim como o chilrear dos pássaros, o voo das borboletas, dos insetos, a corrida e as brincadeiras dos meus cães- um viralatas gorducho e um pinscher- tudo que há sob e sobre a terra, dentro e fora de mim, tudo o que eu sou e não sou; apenas nada menos que isso me inspira.
Minhas memórias são crises. Meus eus medos são eu. Minhas sumidas , meus parares, eu sumiço, eu fuga, quantas vezes eu de mim mesmo tenho fugido?
Penso que estou aprendendo a levar esses medos, essas covas, o arremedo da paixão , também as boas perspectivas de vida, para as ruas, as praças, o palco. Serestando: teatralizando.
No curso técnico de artes cênicas e em outras vivências tenho aprendido que cada experiência, cada trabalho é único. E é só fazendo que se é ator, que se vive teatro... Como diria meu professor de voz, teatro não se justifica, se faz!
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